sábado, 27 de dezembro de 2014

George Stinney

George Stinney Júnior, era um menino que vivia no estado da Carolina do Norte nos Estados Unidos e era negro.





Com 14 anos, foi preso e executado por supostamente ter assassinado duas meninas. Hoje, 70 anos depois, o rapaz (depois de estar morto há mais de meio século) é declarado inocente. 


George torna-se assim a pessoa mais jovem a ser condenada à morte nos Estados Unidos.


No dia 23 de Março de 1944, Betty June Binnicker de 11 anos e Maria Emma Thames de 8 anos, passeavam de bicicleta.



Quando passaram pela casa de Stinney, ele e a irmã Katherine estavam no jardim. As meninas pararam as bicicletas e perguntam aos irmãos se sabiam onde poderiam encontrar umas flores que elas procuravam. Flores da paixão para ser mais precisa.




Quando as meninas não retornaram a casa, grupos de busca foram organizados. Os corpos foram encontrados na manhã seguinte numa vala. Ambas com ferimentos graves na cabeça.



George foi detido horas depois. Supostamente, ele tinha sido o ultimo a ver as meninas com vida. Foi encerrado numa sala com vários oficiais, e sem nenhuma outra testemunha para além dos agentes.



Uma hora depois é anunciado que George tinha confessado o crime.


 Segundo a confissão, George tentou abusar sexualmente de Betty enquanto elas encontravam-se a recolher flores. 



A menina mais nova tentou proteger a amiga, o que levou George a ficar muito furioso, e daí, ter decidido matar ambas, golpeando-as na cabeça com um ferro, e lançar os seus corpos num buraco. 



A autopsia das crianças revelou que os seus crânios foram esmagados em 4 pedaços.  George é então acusado de homicídio em primeiro grau. 



O seu pai (o único que tinha emprego na família) é demitido do seu trabalho, na serraria local.


Foi apenas necessário 10 minutos para julgarem George no tribunal do condado de Clarendon. 


O júri, inteiramente composto de homens brancos, emitiu o veredito de culpado e a sua sentença. Morte na cadeira elétrica.


Sob as leis de Carolina do Norte todas as pessoas com idade superior a 14 anos, eram consideradas como adultas.



No entanto mais tarde verificou-se que a barra de ferro pesava mais de 9 quilos.  
É estupidamente improvável que George que pesava apenas 43 quilos, conseguisse erguer esse peso, e ainda, ter matado duas meninas.




A 16 de Junho, George caminha para a cadeira elétrica. Foi com a bíblia debaixo do braço. Quando se sentou,  uns dizem que usaram uma lista telefónica, outros contam que colocaram a própria bíblia de George. 



O obrigaram a sentar-se em cima da bíblia ou da lista. Isto porque Stinney, logicamente, era demasiado pequeno para alcançar o nível necessário.



Foi preciso 10 minutos para dar essa sentença, porém, foram necessário 70 anos para inocentar George. Foi a juíza Cármen Mullen que classificou o julgamento  como uma grande injustiça.



Mullen considerou que, Stinney não teve os seus direitos assegurados na formação do júri, totalmente integrado por pessoas brancas. 



O advogado que lhe foi concedido pouco ou nada fez para ajuda-lo (podia ter apelado após a sentença e nem sequer o fez), e que a sua confissão poderia ter sido coagida devido à sua triste posição.


 Uma criança de 14 anos, negro, e interrogado sabe se lá por quantos oficiais brancos, na sua cidade segregada.



O caso atormentou centenas de advogados de direitos civis que sempre apontaram à falta de provas e falhas no processo. 



A família sempre afirmou a sua inocência. Os companheiros de cela de George disseram que ele sempre negou o crime. 



E o seu álibi nunca foi sequer levado em conta. Neste caso, a própria irmã de George, Katherine que hoje tem 77 anos.


“Precisavam de alguém em quem culpar, e usaram o meu irmão como bode expiatório”



Afirma Katherine num canal televisivo americano.




A família pediu então um novo processo. A juíza ouviu o depoimento dos irmãos, de uma testemunha que tinha participado no grupo de busca aos corpos, e de uns especialistas que apontaram falhas no interrogatório. 



Um psiquiatra forense infantil afirma ainda que a confissão de George nunca deveria ter sido levada em conta.


Ou seja, estamos a falar de uma criança que vivia os dissabores da vida devido à sua cor de pele. Que ainda viveu o trauma de ter sido preso e interrogado (não sabemos em que circunstancias) por vários oficiais cheios de ódio. 


Foi preso e colocado ao lado de verdadeiros criminosos. Podemos imaginar os dias que George viveu? Sendo apenas uma criança? 




E os irmãos? Katherine conta que quando aquele bando de policias entraram em casa para deter George as pessoas na rua gritavam insultos (como muitos faziam várias vezes). 

Ela com medo, tendo apenas 8 anos, escondeu-se na arrecadação do jardim. Acredito plenamente que Katherine tenha ficado com sequelas graves de toda essa experiência.



E os pais? O pai de George quanto tempo demorou a encontrar trabalho? Ficou sem emprego por causa de um crime que o filho não cometeu. Imagina as necessidades económicas que uma família negra, e pais de um suposto assassino e violador possa ter passado?




E a dor de ter perdido um filho injustamente? Haverá dor maior no mundo do que perder um filho? Naquelas circunstancias? Falamos de coisas graves e dolorosas.


Esta noticia ocupou tempo de antena? Não. Eu soube de esta noticia através de um jornal ou dois.


 Na televisão é mais importante, educativo, e enriquecedor, falar sobre a Casa dos Segredos, ou de aqueles três, dos mil crimes diários, que são cometidos por pessoas de cor, imigrantes ou ciganos.




No entanto, já nada disto me surpreende. Na década dos anos 40 (não vai assim há tantos anos), os negros tinham os seus próprios bebedouros.





Tinham as suas próprias escolas, no entanto, muito mal geridas. Recebiam esmolas ao invés de receber o mesmo dinheiro que as outras escolas recebiam.


 Os brancos alegavam que eles já eram uns sortudos por terem direito à Educação. Pois pouco antes disso, eles estavam proibidos de aprender a ler e a escrever.


A cantora Bessie Smith sofreu um acidente de carro. A ambulância recorreu todos os hospitais do Missisipi em busca de uma transfusão de sangue, mas em nenhum deles foi lhe concedida a entrada. 


Os hospitais eram para brancos. Bessie acabou por falecer esvaziada em sangue dentro da ambulância.






Não podiam votar, nem sequer entrar nos cafés e restaurantes.

 Lembrei-me do meu pai quando ele me contava que quando ele era criança, na cidade de Lisboa, brincava com os seus amigos na rua, e quando eles entravam no café do bairro para ir comprar uma bola de berlim ele tinha de ficar na porta. 


Ele não tinha dinheiro para comprar uma bola de berlim para ele, mas queria entrar e sentir-se como os outros e fazer parte de essa naturalidade.



 Não podia, pois na porta tinha um cartaz onde dizia “Proibida a entrada a ciganos”.

 O meu pai tem 57 anos. Ou seja, não foi algo que aconteceu no tempo do Tutankamon.


As pessoas de cor foram então obrigadas a viverem segregadas em certas zonas da cidade. 


Tinham os seus próprios meios de transporte, as suas escolas, as suas padarias, os seus bebedouros, hotéis e tudo mais. Tudo isto para que o homem branco não fosse “contaminado”.



Em alguns condados e cidades, chegou-se aplicar uma lei em que proibia os negros a saírem de casa depois das 22h.


O que faz o homem branco a sentir-se superior?



Por mais que eu tente entender, ou procurar uma lógica, eu simplesmente não consigo.


É apenas uma pigmentação de pele... é só uma cor mais escura. Eu tenho amigos e primos tão escuros como se fossem negros.



Os negros tem a pele mais escura, porque descendem de países muito quentes. Então, o ciclo natural da vida, escureceu-lhes a pele para os proteger do calor e do sol ardente. 


O mesmo se aplica para os hindus e árabes que vivem nos desertos.


Os asiáticos tem os olhos mais rasgados porque as suas pálpebras carregam mais gordura que os olhos ocidentais. 


Isto porque nos seus países o frio é muito rigoroso e assim estão mais protegidos. Desta forma, o corpo humano, fabuloso como só ele é, evoluiu da melhor forma perante as circunstancias nas quais vivia. 




Temos culturas diferentes, sim, mas e que? Os brancos também tem as suas tradições e culturas, ou não?


Se formos a pensar bem, e se eu quisesse ser mázinha... digam-me... o que é que o branco tem para oferecer?


Haverá povo mais talentoso para as artes da música do que os negros? Aquelas vozes que só eles tem. Deles nasceu o Soul e o Jazz, o que deu entrada a vários outros estilos de música.






Já ouviram o retumbar dos tambores do povo do deserto? Nem falta cantar, só os tambores e batuques já arrepia.


Quem mais sente com todo o seu corpo a música ou as cordas de uma viola do que um cigano quando canta? 


O meu avô contava-me que os fadistas portugueses aprenderam a interpretar a música com ciganos.



Quem mais pode imitar as batucadas de um brasileiro?


Quem mais pode produzir salsa como os latinos fazem?


Quem mais pode imitar os ritmos indianos ou substituir a sua gastronomia incomparável?



Quem pode fazer jus ao Japão e aos seus samurais?



Quem mais pode apagar a magia dos árabes e da dança do ventre? Os ginásios estão cheios de “branquinhas” a querer aprender os nossos ritmos.



 A zumba, salsa, tango, flamenco, dança do ventre, samba, e mais. Não vejo os ginásios e academias a contratarem professores de pimba.



Até a cultura do planeta está em mãos de povos de diferentes culturas. Os egipcios e as suas pirâmides. Os Maias, os peruanos de Machu Picchu. 


Simplesmente considerados dos povos mais inteligentes do mundo. Porque fizeram tanto, ou mais, sem os recursos que nós hoje dispomos.




Mas vá, eu não vou ser mázinha, e não vou dizer o que acabei de dizer.



Por isso, para quem é Cristão e acredita que Deus criou o homem:


Deus não criou um branco de olhinhos azuis, um negro de olhos castanhos, um árabe muito moreno, um cigano barulhento, nem um asiático de olhos amendoados.


 Deus criou o homem. Ponto final. A evolução humana fez o resto.



Para quem acredita na ciência aplica-se a mesma coisa. O macaquinho não evoluiu e dividiu-se em cores, rasgos e culturas. Foi algo que surgiu naturalmente.



 No fundo, não tão fundo, não deixamos de ser todos seres humanos.


É importante fazer saliência que o racismo também parte das pessoas de cor ou de outras etnias.


Talvez porque ouviram estas histórias dos seus pais, talvez por más experiências também. 



Talvez porque são retardados. É um "vírus" comum.


Enfim, quando o racismo chega a este ponto, em que perdemos a nossa humanidade interior, nada justifica os pensamentos e ações cruéis dos quais temos sido testemunhas desde sempre.


 É um mal que deve de ser erradicado. 


A família de George nunca desejou o perdão.


“Há uma diferença. O perdão é dado por algo que foi feito.”



Disse Norma Robison. Sobrinha de George Stinney.



Tania.

Sem comentários:

Enviar um comentário