sábado, 31 de janeiro de 2015

Ciganos vs Paílhos

Eu já fiz uma referencia parecida no meu facebook sobre este tema.
O único objetivo de este post, é única e exclusivamente, para provocar um sorriso a quem o lê.


Quando eu faço referencia a “cigano”, apesar de todos sabermos que o verdadeiro termo é ROM/A, não levamos a mal. Eu não levo a mal que me chamem assim, e tenho a certeza que os meus colegas também não.


Quando faço referencia a um paílho/paíto, não é com o objetivo de desprezar ninguém. Não é uma expressão racista. É apenas uma palavra do nosso dialeto. É assim que nós chamamos às pessoas que não são ciganas.


É a mesma coisa que dizer que os que não são latinos, são gringos. Ou seja, não é por mal. É apenas uma forma de “identificar” pessoas.

Falarei sobre alguns mistérios da comunidade cigana. Mistérios que nem nós mesmos sabemos explicar a sua origem, nem o sentido da ação, nem tão pouco o motivo que nos leva a agir/viver assim.



Irei frisar também algumas das diferenças entre os ciganos e paílhos. Isto é real. E todos que leiam isto saberão que é verdade.


Um cigano nunca tem uma caneta em casa. Isto é verídico. Pode até ter 20 filhos na escola, não adianta. Quando chegar o momento de apontar alguma coisa urgente, os ciganos nunca dispõem de uma caneta. 


Começam a discutir, a desarrumar tudo, vasculham todas as gavetas e armários. Não encontra. E se encontra, será a tal caneta esquecida do fundo da gaveta que não escreve. Ninguém a põem fora. A pessoa testa a caneta num pedaço de papel ou envelope, não escreve, discute mais ainda, e voltamos a guardar a caneta para o próximo episódio.




Um paílho já não. Um paílho tem canetas em qualquer canto da casa, dentro da mala, do bolso do casaco, nas mochilas das crianças. Canetas funcionais e de todas as cores.
Um paílho tem arame, tem corda, tem pilhas, tem lanternas, fita cola, caixa de ferramentas, tem tudo. Um cigano não tem nada. 





Um cigano fica sem pilhas no comando e é possível que demore um mês a comprar umas novas. Irá dar pancadinhas no comando, trocar umas pelas outras, e até estará um tempo a levantar-se do sofá para mudar de canal. Quando a saturação fala mais alto, lá vamos nós comprar pilhas. 


Não temos caixa de ferramentas. Alguns até podem ter sido pioneiros na família, e ter comprado uma caixa de ferramentas, mas não demorou muito a que cada peça desaparecesse pouco a pouco, misteriosamente.



Os ciganos entram todos pela mesma porta do carro. Ninguém dá a volta para entrar pelo outro lado.  Pode chover torrencialmente, todos irão esperar, em fila indiana, a discutir, para entrar no carro.


Os ciganos nunca tem gel do cabelo ao domingo.


Os ciganos não sabem cozinhar para poucas pessoas. Se fizerem comer para duas pessoas queimam tudo, ficamos desconcertados e no meio de uma crise existencial.

 Estamos habituados a cozinhar em grandes porpoções. Mesmo que sejam só para 3, 4 pessoas, os ciganos compram comida que para um paílho dava para 12 pessoas.



Um cigano para ir ao hospital, ou visitar alguém ao hospital, precisa de ter muito dinheiro. Isto por causa das máquinas de comida e bebidas. Estamos a caminho do hospital e a fome já toma conta de nós. Não importa que já tenhamos almoçado/jantado. 


Não adianta. Iremos consumir naquelas máquinas. Nada presta e nós sabemos disso. Mas mesmo assim, gastamos dinheiro naquele café que derrete o fígado e no tal croissant misto gelado e que está lá desde novembro .



Um paílho tem fome e come duas bolachas de água e sal. Ou uma maça verde. E que satisfeitos que ficam. “Ui que cheio que fiquei,que delicia”.....

-.-



Eu se tiver com uma crise de fome, alguém me oferece uma maça, e a minha reação é tudo menos pacifica.



Um cigano não pode atestar o carro. Só pode por 20 euros de gasolina no máximo. Se por mais vai se lembrar de viagens longas e sem sentido. Vai emprestar o carro aos primos e fica sem gasolina num instante. Um paílho atesta o carro e dura-lhe um mês inteiro.



Os ciganos, quase todos, andamos sempre com um guardanapo enrrolado na mão. Não sabemos porque.



Nunca sabemos onde está o pente.


Temos sempre uma cenoura no frigorífico. Não é duas, nem três, nem um quilo. É uma só. 


Não temos campainha em casa. Quase nenhum tem. E os que tem, como é algo tão impressionante, faz uma marca no metal, de modo a sinalar os outros que aquela é a sua campainha



Quase nenhum tem chave do correio.


Num restaurante, quando os ciganos acabam de comer, fazem uma dobra à toalha de papel. Porque?... não sabemos. Simplesmente fazemos. E não importa a nossa nacionalidade. Todos o fazem.



Um paílho come sopa, vitela, salada, batatas, arroz, salada de frutas, pão, café, e a mesa está intacta. Um cigano come uma torrada e um compal e as migalhas na mesa é simplesmente inexplicável.



Temos uma obsessão pelos porta guardanapos. Aqueles que normalmente servem nos snacks bar. Que são pequenos e muito fininhos. Esse objeto desperta algo em nós que provoca uma reação de descontrole. Para beber um pingo gastamos um inteiro. Na mesa, fazemos uma montanha desses papéis. 



No carro, há sempre uma janela/porta que não abre. Até pode ser um carro a 0 quilómetros. Não importa isso.


Um panado no pão, para nós, é como se fosse comer uma lagosta. Simplesmente um manjar dos deuses.



Os ciganos pagam fortunas de água. Podemos comparar a uma família de paílhos com o mesmo numero de pessoas. No fim do mês os paílhos vão pagar 19.80 euros. Os ciganos não pagam menos que 120.



Uma família de ciganos consome cerca de 30/40 pães por dia.

Um paílho se desbulha com uma manifestação.


Um paílho idoso está sempre gelado. O sol foge dele.



Um cigano tem muita imunidade aos medicamentos. Temos uma dor de cabeça tomamos logo 2 Nimed's, Nolotil, Valium, e outros medicamentos fortes.

Um paílho toma um benuron 200 e um chá e já fica curado.



A casa de um cigano, por muitos líquidos e lixívia que se use, sempre irá cheirar a assados e fritos. 


A casa de um paílho, seja da classe social que seja, cheira sempre igual. Não sei explicar bem a que. A móveis do século 17 talvez.




Os paílhos, por muito que tentem, não conseguem imitar o sotaque cigano. Quando tentam fazê-lo, imitam alentejanos e a não ciganos.



Que teimoso é um paílho. 


Um cigano nunca tem dinheiro. 1O euros na carteria como muito. Ter temos, mas nunca levamos. É uma coisa rara.


Um paílho tem um porta moedas como moedas de 2 cêntimos. Eu acho que um cigano nunca viu uma moeda dessas.


Os paílhos acham hilariante que os ciganos usem expressões como por exemplo “vaiam” ao invés de “ide”. 

Mas não sabem o quanto nos rimos com expressões como “parvo” “idiota” “palerma” “imbecil” “pascácio”.



Os filhos dos ciganos tem nomes raros. Alguns conseguem ter nomes que parecem remédios.
Mas na minha opinião, consegue ser mais bonito o nome “Zamara”, que Laurinda.


Um paílho está desejando ter um filho para chama-lo de Augusto. Ou Matilde.



Um cigano não sabe arranjar nada. Se algo avaria em casa fica assim. Ou compra novo. Um paílho com um prego e um martelo faz uma moradia.


No entanto, mesmo sabendo todas estas diferenças,  (todas reais), e de elas provocarem risos em ambos lados, não deixamos de nos amar e respeitar como seres humanos. Que estes fatores continuem a divertir-nos por muitos anos xD







Tânia.

6 comentários:

  1. Concordo com quase tudo! Parabéns pelo texto!

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  2. Concordo com quase tudo! Parabéns pelo texto!

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  3. As redes sociais estão repletas de racistas miseráveis que, no seu dia-a-dia mais não fazem que negar a humanidade.
    De um paílho para os irmãos ciganos. NÃO HÁ RAÇAS HUMANAS, HÁ APENAS UMA HUMANIDADE

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  4. Bom dia! Agora fez-me rir ! Não sou Rom/a (cigana), mas faço tudo isso que diz que os ciganos fazem, não sei cozinhar para 3 ou 4 pessoas, cozinho panelões enormes de comida , dá para um regimento, para mim não existe ciganos e não ciganos , somos humanos e não há cá étnias, raças ou cores, sempre respeitei os ciganos e em minha casa sempre convivi com ciganos. Não vejo o porquê desses apontamentos, tenho amigas ciganas. E gosto de comer, e por aí vai .... Não sou difetente, além de que gosto desse povo a que chamam ciganos e da história deles etc. Não vejo o porquê de haver pessoas que os colocam de lado ou criam certas ideias erradas.... Não entendo isso...

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  5. Parabéns! boa descrição da vida de feirante, continue a escrever, tem talento.ri-me com os ciganos vs paítos ,muita coisa igual e muita diferente, saudações!

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