sábado, 31 de janeiro de 2015

Ciganos vs Paílhos

Eu já fiz uma referencia parecida no meu facebook sobre este tema.
O único objetivo de este post, é única e exclusivamente, para provocar um sorriso a quem o lê.


Quando eu faço referencia a “cigano”, apesar de todos sabermos que o verdadeiro termo é ROM/A, não levamos a mal. Eu não levo a mal que me chamem assim, e tenho a certeza que os meus colegas também não.


Quando faço referencia a um paílho/paíto, não é com o objetivo de desprezar ninguém. Não é uma expressão racista. É apenas uma palavra do nosso dialeto. É assim que nós chamamos às pessoas que não são ciganas.


É a mesma coisa que dizer que os que não são latinos, são gringos. Ou seja, não é por mal. É apenas uma forma de “identificar” pessoas.

Falarei sobre alguns mistérios da comunidade cigana. Mistérios que nem nós mesmos sabemos explicar a sua origem, nem o sentido da ação, nem tão pouco o motivo que nos leva a agir/viver assim.



Irei frisar também algumas das diferenças entre os ciganos e paílhos. Isto é real. E todos que leiam isto saberão que é verdade.


Um cigano nunca tem uma caneta em casa. Isto é verídico. Pode até ter 20 filhos na escola, não adianta. Quando chegar o momento de apontar alguma coisa urgente, os ciganos nunca dispõem de uma caneta. 


Começam a discutir, a desarrumar tudo, vasculham todas as gavetas e armários. Não encontra. E se encontra, será a tal caneta esquecida do fundo da gaveta que não escreve. Ninguém a põem fora. A pessoa testa a caneta num pedaço de papel ou envelope, não escreve, discute mais ainda, e voltamos a guardar a caneta para o próximo episódio.




Um paílho já não. Um paílho tem canetas em qualquer canto da casa, dentro da mala, do bolso do casaco, nas mochilas das crianças. Canetas funcionais e de todas as cores.
Um paílho tem arame, tem corda, tem pilhas, tem lanternas, fita cola, caixa de ferramentas, tem tudo. Um cigano não tem nada. 





Um cigano fica sem pilhas no comando e é possível que demore um mês a comprar umas novas. Irá dar pancadinhas no comando, trocar umas pelas outras, e até estará um tempo a levantar-se do sofá para mudar de canal. Quando a saturação fala mais alto, lá vamos nós comprar pilhas. 


Não temos caixa de ferramentas. Alguns até podem ter sido pioneiros na família, e ter comprado uma caixa de ferramentas, mas não demorou muito a que cada peça desaparecesse pouco a pouco, misteriosamente.



Os ciganos entram todos pela mesma porta do carro. Ninguém dá a volta para entrar pelo outro lado.  Pode chover torrencialmente, todos irão esperar, em fila indiana, a discutir, para entrar no carro.


Os ciganos nunca tem gel do cabelo ao domingo.


Os ciganos não sabem cozinhar para poucas pessoas. Se fizerem comer para duas pessoas queimam tudo, ficamos desconcertados e no meio de uma crise existencial.

 Estamos habituados a cozinhar em grandes porpoções. Mesmo que sejam só para 3, 4 pessoas, os ciganos compram comida que para um paílho dava para 12 pessoas.



Um cigano para ir ao hospital, ou visitar alguém ao hospital, precisa de ter muito dinheiro. Isto por causa das máquinas de comida e bebidas. Estamos a caminho do hospital e a fome já toma conta de nós. Não importa que já tenhamos almoçado/jantado. 


Não adianta. Iremos consumir naquelas máquinas. Nada presta e nós sabemos disso. Mas mesmo assim, gastamos dinheiro naquele café que derrete o fígado e no tal croissant misto gelado e que está lá desde novembro .



Um paílho tem fome e come duas bolachas de água e sal. Ou uma maça verde. E que satisfeitos que ficam. “Ui que cheio que fiquei,que delicia”.....

-.-



Eu se tiver com uma crise de fome, alguém me oferece uma maça, e a minha reação é tudo menos pacifica.



Um cigano não pode atestar o carro. Só pode por 20 euros de gasolina no máximo. Se por mais vai se lembrar de viagens longas e sem sentido. Vai emprestar o carro aos primos e fica sem gasolina num instante. Um paílho atesta o carro e dura-lhe um mês inteiro.



Os ciganos, quase todos, andamos sempre com um guardanapo enrrolado na mão. Não sabemos porque.



Nunca sabemos onde está o pente.


Temos sempre uma cenoura no frigorífico. Não é duas, nem três, nem um quilo. É uma só. 


Não temos campainha em casa. Quase nenhum tem. E os que tem, como é algo tão impressionante, faz uma marca no metal, de modo a sinalar os outros que aquela é a sua campainha



Quase nenhum tem chave do correio.


Num restaurante, quando os ciganos acabam de comer, fazem uma dobra à toalha de papel. Porque?... não sabemos. Simplesmente fazemos. E não importa a nossa nacionalidade. Todos o fazem.



Um paílho come sopa, vitela, salada, batatas, arroz, salada de frutas, pão, café, e a mesa está intacta. Um cigano come uma torrada e um compal e as migalhas na mesa é simplesmente inexplicável.



Temos uma obsessão pelos porta guardanapos. Aqueles que normalmente servem nos snacks bar. Que são pequenos e muito fininhos. Esse objeto desperta algo em nós que provoca uma reação de descontrole. Para beber um pingo gastamos um inteiro. Na mesa, fazemos uma montanha desses papéis. 



No carro, há sempre uma janela/porta que não abre. Até pode ser um carro a 0 quilómetros. Não importa isso.


Um panado no pão, para nós, é como se fosse comer uma lagosta. Simplesmente um manjar dos deuses.



Os ciganos pagam fortunas de água. Podemos comparar a uma família de paílhos com o mesmo numero de pessoas. No fim do mês os paílhos vão pagar 19.80 euros. Os ciganos não pagam menos que 120.



Uma família de ciganos consome cerca de 30/40 pães por dia.

Um paílho se desbulha com uma manifestação.


Um paílho idoso está sempre gelado. O sol foge dele.



Um cigano tem muita imunidade aos medicamentos. Temos uma dor de cabeça tomamos logo 2 Nimed's, Nolotil, Valium, e outros medicamentos fortes.

Um paílho toma um benuron 200 e um chá e já fica curado.



A casa de um cigano, por muitos líquidos e lixívia que se use, sempre irá cheirar a assados e fritos. 


A casa de um paílho, seja da classe social que seja, cheira sempre igual. Não sei explicar bem a que. A móveis do século 17 talvez.




Os paílhos, por muito que tentem, não conseguem imitar o sotaque cigano. Quando tentam fazê-lo, imitam alentejanos e a não ciganos.



Que teimoso é um paílho. 


Um cigano nunca tem dinheiro. 1O euros na carteria como muito. Ter temos, mas nunca levamos. É uma coisa rara.


Um paílho tem um porta moedas como moedas de 2 cêntimos. Eu acho que um cigano nunca viu uma moeda dessas.


Os paílhos acham hilariante que os ciganos usem expressões como por exemplo “vaiam” ao invés de “ide”. 

Mas não sabem o quanto nos rimos com expressões como “parvo” “idiota” “palerma” “imbecil” “pascácio”.



Os filhos dos ciganos tem nomes raros. Alguns conseguem ter nomes que parecem remédios.
Mas na minha opinião, consegue ser mais bonito o nome “Zamara”, que Laurinda.


Um paílho está desejando ter um filho para chama-lo de Augusto. Ou Matilde.



Um cigano não sabe arranjar nada. Se algo avaria em casa fica assim. Ou compra novo. Um paílho com um prego e um martelo faz uma moradia.


No entanto, mesmo sabendo todas estas diferenças,  (todas reais), e de elas provocarem risos em ambos lados, não deixamos de nos amar e respeitar como seres humanos. Que estes fatores continuem a divertir-nos por muitos anos xD







Tânia.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Coisas tão raras me acontecem

Nunca tinha dado a devida atenção a este tema até agora.


O sistema de saúde em Portugal está bastante mal gerido. Não sei como funciona nos outros países, mas em Portugal, é algo que preocupa.



As pessoas ficam em listas de espera para serem operadas meses e meses. Outras, anos.

Eu mesma vivi esta situação. Há pouco tempo fui operada à vesícula, e a um quisto que eu tinha atrás do ovário.



Eu visitava repetidamente as urgências devido a uma dor extrema na zona do abdómen. Em alguns casos cheguei a perder os sentidos. Eram dores muito fortes. De todas as vezes que fui às urgências, repetia os mesmos exames. Ecografia, raio-x etc.


Em todos estes exames, eles viam sempre a mesma coisa. Mas nunca me deram um diagnóstico. Viram que eu tinha esse quisto enorme, atrás do ovário, mas também viram que eu tinha pedras na vesícula. Uns médicos diziam que as dores derivavam da vesícula, para outros, era do ovário.




Procediam com a medicação pela veia como sempre, em muitos casos fiquei internada 12 horas, e depois mandavam-me embora.

Numa dessas visitas, decidiram que o melhor seria operar.
Disseram que eu iria ser operada em 2 anos. Eu fiquei estúpida, 2 anos?! Eu ia fazer do local das urgências a minha segunda casa? 


Tinha que andar com essas dores constantes e horríveis por mais 2 anos? E é importante frisar que tive de faltar ao meu local de trabalho algumas vezes. Outras ia de direta mesmo. Mas disseram que nada podiam fazer. Que a lista de espera era muito grande.


Numa dessas visitas às urgências, um médico diferente me atendeu e procedeu novamente a novos exames. Ficou muito preocupado com o dito quisto atrás do ovário.


Perguntou se eu tinha familiares que tivessem vivido a triste experiência do cancro. Eu disse que sim. Infelizmente temos alguns casos.




O médico disse que o tamanho do quisto, não era normal, ainda mais se eu tinha um historial familiar cancerígeno. Que já nem sabia se era quisto, porque o aspeto que apresentava apontava para ser um tumor. Provavelmente benigno, mas que poderia passar a maligno em curto espaço de tempo. O médico assustou-me.



Marcou-me uma ressonância, para a qual teria de esperar 10 meses para fazê-la. E depois, ser operada, 2 anos depois.



Espere lá... você está a dizer-me que o quisto que eu tenho, que já nem sabem se é quisto, tem características cancerígenas, e só iremos ter a certeza com uma ressonância marcada daqui a 10 meses, e ser operada 2 anos depois? Isto é a sério? Se realmente for um câncer, até à data já parti deste mundo!



3 dias depois o próprio hospital telefonou-me dando-me a informação que seria operada no dia seguinte. Devem ter mesmo ficado assustados. Tanto quanto eu. E prontos fui operada, tiraram o que tinham a tirar, não era nada de mal, e hoje esta tudo bem. Mas podia não ter sido assim.



O tempo de espera é ridículo. Quantos casos já não houve de pessoas morrerem enquanto esperam para serem atendidos?



“Dois doentes morrem à espera de intervenção médica no hospital Santa Cruz, alegadamente por falta de dispositivos médicos”



“Doente morre com enfarte após seis horas de espera”


“O meu irmão morreu porque não foi socorrido a tempo pelo hospital”


“Idosa morre na sala de espera das urgências”




Existem imensas noticias deste género infelizmente. A nossa família viveu este tipo de caso na pele. O meu amado tio que partiu à pouco tempo, faleceu de enfarte. 


Não se estava a sentir bem, foi ao hospital queixando-se de sintomas típicos de enfarte, o meu pai que também é doente cardíaco alertou-o imensas vezes. Disse que reconhecia esses sintomas e que o melhor seria informar o pessoal médico. E eles foram informados disso.





Diagnosticaram os sintomas do meu tio com “é uma virose”. Receitaram Benuron e o mandaram embora. Faleceu 3 dias depois. Andou a enfartar durante 3 dias, quando supostamente era uma virose. 


As idas às urgências tem o custo de 20 euros. 20 euros! Ir ao hospital é uma despesa ridícula hoje em dia. 20 euros de consulta, o dinheiro da gasolina, e ainda ter que comprar a medicação que foi receitada. Ou seja, uma pessoa precisa de 40/50 euros para ir às urgências e ainda corre o risco de morrer na sala de espera.



E se for um caso como eu em que 3 vezes por semana ia às urgências?.... ridículo.


O que me fez falar sobre este tema, foi precisamente devido à minha ultima experiência nas urgências.


Eu sempre tive muitos ataques de ansiedade, tensões extremamente baixas, ou muito altas. Sou uma pessoa que acumula muitos nervos, e há momentos em que o corpo expressa todo esse nervosismo acumulado.


Quando eu começo a sentir-me ansiosa, eu própria cuido de mim. Na minha família já é um procedimento normal. Eu começo a sentir-me com falta de ar, a tremer e tal, já sei  o que fazer. Vou buscar um Valium, coloco debaixo da língua, espero 20 minutos, controlo os batimentos cardíacos, e após esses 20 minutos tomo outro Valium.



Para muitos, ficariam a dormir 3 dias. Para mim já é normal. Tomar Valium é como comer um rebuçado para a tosse. E mesmo com esses dois Valium o resultado não é muito notável. Acontece é que tomo um banho quente, proporciono um ambiente calmo, deito-me na cama ou no sofá, e lá vou “ao sitio”.


Tem vezes que nem isso me safa. E foi o que aconteceu há dias.


Deviam de ser umas 2 da manha. Os batimentos cardíacos começaram a ficar muito muito lentos e de repente, muito rápidos. É uma sensação horrível acreditem.
Eu sentei-me na cama. Mal conseguia falar. Lá consegui alcançar o telemóvel e perguntei ao meu pai onde estavam os Valiums. Ele tinha levado os Valiums com ele.



Tentei então acalmar-me de maneira natural. Esperei cerca de 45 minutos e nada tinha mudado. Deixei de sentir o meu braço esquerdo, e sentia muitas dores nos dedos da mão direita.


Acordei a minha mãe dizendo que eu não estava bem, que desta vez a “crise” era forte e que precisava de ir ao hospital. A minha mãe coitada assustou-se muito. Eu nunca peço para ir ao hospital. Por muito mal que eu esteja, eu mesma acalmo-me sozinha e evito assim, uma ida ao hospital. Mas desta vez foi diferente.


Quando chegámos ao hospital, o meu pai estava em pânico e disse que era grave. Que para eu queixar-me desta maneira é porque eu grave, e que infelizmente temos casos na família com os mesmos problemas.



Fui atendida uns 20 minutos depois. Fizeram electrocardiograma, exames ao sangue, mediram tensões, medicaram-me etc.


Quando os resultados dos exames chega, ouço no alta voz que devo dirigir-me ao consultório 5. Iria falar com um médico para explicar-me o resultado dos exames.


É aqui que a situação se complica, e que me faz sentir ainda mais preocupada com o sistema de saúde deste país.



Eu entro no consultório. A minha mãe também vem comigo. O médico nem me cumprimenta, está concentrado a ver os exames.


Os rasgos físicos do médico apontam que ele era estrangeiro. Ucraniano talvez.
Muito pálido, muito loiro, olhos super claros.



Eu entro, e vejo que a cadeira para os pacientes se sentarem encontra-se muito longe da mesa do médico. Eu com toda a naturalidade do mundo, pego na cadeira, e coloco perto da mesa, e sento-me.


O médico, com um sotaque tremendo, interrompe a sua leitura dos exames, e diz:


- Porfabor, afaste-se. Sente-se onde a cadeira estava.









- Porque?!



- Por fabore...punha a cadieira ali, longé, e sente-sé.



- Ai.... este senhor........ mas eu ali não vou ouvir nada do que você vai dizer.



Não quero exagerar, juro-vos que a cadeira estava mesmo muito afastada da mesa do médico.



- Não vou repetiri minina, si senté ondi a cadeira estava.



- Ai.... vou bater a este senhor...




- Filha senta-te ali vá. (A minha mãe tenta acalmar me)



Agora, vou contar-vos, da melhor maneira possível, a minha experiência com este médico.
Depois de eu estar sentada, longe da mesa, o médico acaba de ver os exames e começa a falar comigo.


- Pois é Tánia nghguhegoejnbndebhnedzjbnejbednjvoleinhbge exame aipgjaijvgpiwjgvpIWJHBGPWInhwhb coração aeijgouahevoauehgvouehva nervos.




- O que?


- Oauegtovuejhoenvghueoth exame agoajefvoafjhvoneahvaenhgto coração aoijgaojegvoehgoeja nervos.



O senhor simplesmente não sabe falar português. Mas podia ser que por estar longe eu não o estivesse a entender bem.


- Doutor... eu não estou a perceber nada. Não sei se é por você estar muito longe, ou porque você fala mal o português.



O médico resolve levantar-se e por-se mais perto de mim. Eu fico sentada, a olhar para cima. Ele devia de ter 2 metros.



- OK... tava dizendo qui agjhau<hnvluhrtvha <ouhtgvola coração... ijvgowhjgohsoifghiohvlosnhvwoighvln nervos gijbvouheanohubvaolnhuv gorda oahgvoahjgouhgnaolnhgo.


- Ai pai o que está dizendo este senhor?



A minha mãe não me responde. Eu olho para trás e só a vejo a deslizar pela parede num ataque de riso silencioso.





- Mãe?.... ai.... mãe!.... Nanais.... 


A minha mãe, ainda em silencio, com a cara lavada em lágrimas de tanto rir, faz-me o sinal de que vai sair do consultório.



- Ai mãe! Não! Ai!!! Não me deixes aqui!!! Mãe?!!....Uma dor te de... Mãe!!!



E a minha mãe sai.



O médico continua...



- etuhvauohenvnheoughvaljsnheougholnoleuth coração oijgvouahjvouahvous nervos hwurvuwhvuhguw gorda.



- Mas o que tem o coração?


- aeotjgvolnhgoueovlh.



- Ai me Deus... o que?



- ojvouhwoughvohngouwhonh nervos.



- Coisas tão raras me acontecem.





- jhuvhdvuehngonhve nervos.



- Ah é nervos?...isso sei eu.  Mas o que foi que me deu?



- ouhfvgouhnvolnhguovhowsunghovuhouwghvov.



Eu não disse nada. Fez-se um silencio. Acho que naquele momento a minha alma rendeu-se ante a impotência. Ele fica a olhar para mim, eu para ele. Não sabia o que responder-lhe, estava tansa. Ele, segundos depois, resolve romper o silencio.



- auehvoeahvoguhousheavogb nervos ouwhrvounwolnwogolnwrog coração ogvownvoghwouhvov  gorda UHGVUHNVUWHGVNHSWUTGH entupida.



- Ai voce esta a chamar-me gorda?


- jejejeje noooo auhnvouhwoghowanvgwpaihgphngwhvhwag.



- Você é um queima sangue.



- Eh?


- O que é que está gorda?



- ojavgoujaevneouhnagaegvoaherohg veia oajnrouhwoughvouwshvow coração aoghvuworhgvowuhvowu entupida.



Nesse momento a minha mãe resolve entrar novamente no consultório. E pergunta-me por novidades. Eu disse que não sabia de nada.


- Vamos lá ver... se não sou eu a gorda... é a veia que está gorda.. é isso doutor?


- suhviuhaevohneoguvhsow nervos. HWGUWhvguowHGVOUHGOUhn entupida.



- Ai... mas o que você está fazendo aqui se não sabe falar português?









A minha mãe resolve interceder. Ficou irritada. Para quem conhece a minha mãe, sabe que ela é espanhola. Apesar de estar desde os 14 anos com o meu pai, e de viver há tantos anos em Portugal, a minha mãe não consegue falar português. Fala espanhol.



 E quando tenta falar português, fala um idioma raro. Não é galego, não é espanhol, não é português, é uma coisa rara.
É uma mistura de tudo isso, e ainda por cima, com sotaque cigano. Imagine a minha cara a ver a conversa desse médico, com a minha mãe.




- Vamos la vere señore dotore! Yo tennho que saberi o qui si pasa com a minha fija! Mãeeee... viémos para aqui para nada?! Buçé me tiene que explicaré lo que se pasa!



O médico tenta respirar fundo, e fala devagar.



- Gorda... wijrvwniojgivjriogvjsw veia... ojgvowjgowjovjswrhgvolnswjrig entupida!!!!



- Olhe... acredite...você está a dar-me arritmias, eu vou para casa pior do que quando cheguei aqui.



- Tania.... veia....entupiu! pufff! Pufff! (Faz movimentos com as mãos simulando uma explosão) Entupiu! Percebe?


- Sim... vá...devagar.... entupiu... e agora?



- Gorda.



- Ai... mas o que é está gorda?




- Veia.



- Ah... está bem... mãe... é grave isso não é? e agora?



É. Comprido uhfvauehnvh SOS....só SOS.... só poder tomar em 12 horas...... tania tomar SOS quinta feira.



- Mas se é no espaço de 12H... e hoje é segunda feira.... você está a mandar-me tomar isto na quinta?



- Médico de família.



- O que tem o médico de família?



- Veia.







- Mas você com esses olhos de umas piscinas! O que está fazendo aqui?



- Veia! Veia! Entupiu!!! SOS!! Médico de família!!! 12H!!! Gorda!!



- Olhe... eu vou-me embora.



- Receita...veia...SOS.



- Eu não quero receita nenhuma.



Quando saí, o meu pai que esperava impacientemente perguntou o que se passou. O que podia eu responder?



- Não sabemos.



E a minha sorte foi que a minha mãe estava comigo e testemunhou isto tudo. Porque se eu estivesse sozinha e conta-se isto alguém, minguem acreditava em mim.



E não sei mesmo o que se passou comigo amigos. Eu posso estar a morrer e ainda não sei o que tenho.




Tânia.

Que cosas más raras me pasan

Nunca había dado la debida atención a este tema hasta ahora.
El sistema de salud en Portugal está muy mal administrado. No sé como funciona en otros países, pero en Portugal, es algo que preocupa.



Las personas quedan en listas de espera para que las operen largos meses. Otras, años.
Yo misma viví esta situación. Hace poco tiempo fui operada a la vesícula y a un quiste que tenía detrás de el ovario.




Yo visitaba repetidamente las urgencias quejándome con dolores muy fuertes en la zona del abdomen. En algunos casos llegué incluso a perder los sentidos y desmayarme de tanto dolor. 

De todas las veces que fui a urgencias, los exámenes eran siempre los mismos. Ecografías, radiografía, etc.



En todos estos exámenes veían siempre lo mismo, pero nunca me dieron un diagnóstico real de la situación. Veían que tenía el quiste detrás de el ovarios, que era enorme, y unas piedras en la vesícula. Unos médicos decían que el dolor venía de la vesícula. Otros decían que era del quiste.




Procedían siempre de la misma manera. Me daban la medicación por la vena, en algunas veces me quede ingresada por 12h, y luego me mandaban para casa.

En una de esas visitas a las urgencias, el médico llegó a la conclusión que lo mejor seria operarme. Me dijeron que sería operada dentro de dos años. Me quedé flipando, dos años?!



Estaría yo dos años visitando urgencias tres o cuatro veces a la semana, muriéndome de dolores, y tener que faltar al trabajo? O entonces ir hecha un zombie como muchas veces fuí.
Pero dijeron que nada podían hacer. Que la lista de espera era muy larga.



En una de esas visitas a urgencias, un médico diferente me atendió. Repetí los exámenes y se quedó asustado con el quiste que tenía. Me preguntó si en mi familia había casos de cáncer. Desgraciadamente los hubo.



El médico me dijo que el tamaño del quiste, para ser benigno, que no era normal. Mas aún si había un historial familiar cancerígeno.  Que por lo que veía en los exámenes que ya no estaba tan seguro si era un quisto o no. Que sus características apuntaban para un tumor. 


Benigno, pero tumor. Que lo mejor es operarme para que ese tumor no fuera a algo peor.
Me marcó para hacer una resonancia. La fecha marcaba para dentro de 10 meses. Y luego esperar los 2 años para operarme.



O sea, el médico me dice que el quiste que tenía era alarmante, que no tenía buena pinta, que ya ni sabía si era un quiste, y que podría convertirse en algo maligno... y la resonancia es dentro de 10 meses? Boh... si realmente se puede convertir en un cáncer...ya estaría muerta cuando me tocara operarme.




Tres días después el proprio hospital me llamo. Era un lunes por la mañana. Me dijo que sería operada al día siguiente. Así sin más. Creo que se asustaron de verdad. Y bueno fui operada, y ya esta todo bien, no era nada malo. Pero bueno, podría haber sido.


El caso es que el tiempo de espera es ridículo. Cuantos casos hubo de personas que se mueren en las salas esperando a que los atiendan?


“Dos pacientes mueren esperando intervención médica en el Hospital de Santa Cruz. Supuestamente por falta de dispositivos médicos”


“Paciente muere de infarto tras seis horas de espera”



“Mi hermano murió porque no fue atendido a tiempo por los médicos”


“Anciana fallece en la sala de espera de urgencias”



Desgraciadamente existen varias noticias de este tipo. Mi propria familia vivió este tipo de situación. Mi querido tío que partió hace poco tiempo falleció de infarto. No se estaba sintiendo bien, se dirigió al hospital quejándose de síntomas típicos de infarto.


 Mi padre que también es una persona con problemas cardíacos, alertó a su hermano diciendo que reconocía todos esos síntomas, y que lo mejor seria avisar a los médicos. Y así lo hizo.




Sin embargo mi tío fue diagnosticado con una gripe. Dijeron que era un virus cualquiera. Le recetaron un paracetamol y lo mandaron para casa. Falleció tres días después. Estuvo infartando durante tres días, cuando supuestamente era solamente un resfriado.



El ir a las urgencias tiene un coste de 20euros. 20 euros!
Ir al hospital es un gasto ridículo hoy en día. 20 euros de consulta, sumando el dinero de la gasolina, y aún tener que comprar la medicación que fue recetada. Vamos, que para ir a urgencias, necesitas de 50euros. Y aún corres el riesgo de morir en las salas de espera.




O la persona se queda en casa porque no tiene dinero para ir al hospital, o va y se hace ese gasto elevado.

Y si una persona va a urgencias como yo antes iba? Como tres veces a la semana? Ridículo.



Lo que me hizo hablar de este tema, fue precisamente por culpa de mi ultima experiencia en  urgencias.


Yo siempre tuve ataques de ansiedad, la presión arterial muy baja, o muy alta de repente. Soy una persona que acumula muchos nervios, y hay momentos en que el cuerpo manifiesta todos esos nervios acumulados.



Cuando yo empiezo a sentirme así, yo misma me cuido. En mi familia ya es un procedimiento normal. Cuando empiezo a sentir faltas de aire, temblando y tal, ya sé que hacer. 

Voy a por un Valium, lo pongo debajo de la lengua, espero 20 minutos y luego me tomo otro. Me ducho, intento proporcionar un ambiente tranquilo, me acuesto en el sofá o en la cama, y espero.




Muchos se quedarían durmiendo tres días. Yo tomarme un Valium es como comerme un caramelo para la tos. Y aun así con los dos Valium el resultado no es notable. Pero hay veces que ni eso me salva.

Eran las 2 de la mañana. Y de repente el corazón empieza a latir muy muy lento, y de repente, muy muy rápido. Es una sensación horrible. Uno siente que casi se muere.




Me senté en la cama. Mal podía hablar. Logre coger el móvil y le pregunté a mi padre donde estaban los Valiums. Me dijo que los tenía el. Intente entonces tranquilizarme naturalmente. Esperé 45 minutos pero nada había cambiado.



Dejé de sentir el brazo izquierdo, y los dedos de la mano derecha me dolían mucho. Me asusté. Desperté a mi madre y llamé a mi padre diciendo que necesitaba ir al hospital. Como no es algo natural (yo pedir que me lleven) vino corriendo a buscarme.



Cuando llegamos al hospital, mi padre se puso en pánico pidiendo que me atendieran rápido, que había un historial de enfermos cardíacos en la familia, que me conoce y que sabía que yo no estaba bien.



Fui atendida 20 minutos después. Me hicieron un electrocardiograma, análisis de sangre, me medicaron, etc.


Cuando los resultados de todos los exámenes llegan, escucho por el alta voz que me debo de dirigir al consultorio numero 5. Iba a hablar con el médico para que me explicara lo que había pasado y hablarme del resultado de los exámenes.



Y es aquí que la situación se complica,y que me hace sentir aún más preocupada con el sistema de salud de este país. 



Yo entro en el consultorio, mi madre me acompaña. El medico ni siquiera me saluda. Está concentrado mirando los exámenes.

Sus rasgos físicos revelaban que sería extranjero. De Ucrania quizás. Muy blanco, muy rubio y con unos ojos muy azules.



Yo entro y veo que la silla de los pacientes se encuentra muy lejos de la mesa del médico. Entonces yo voy, la cojo, y la acerco a la mesa para sentarme.

El medico, con un acento tremendo, interrumpe su lectura y me dice:



- Perfaboré, apartése y punga la silla dundé estába.






- Porqué?



- Perfaboré...silla allí.....lejus.....y siéntese.



- Ay... pero señor....allí no escucharé nada de lo que me diga.



No procuro exagerar, os juro que la silla estaba bastante lejos de su mesa.




- Nu repitiré señurita. La silla allí.



- Que ostia le voy a dar al señor este.



- Hija va, siéntate allí. (Mi madre intenta apaciguarme)


Ahora os contaré, de la mejor manera posible, mi experiencia con este médico.


Después de yo estar sentada, el médico termina de ver los examenes y empieza a hablar conmigo.



- Bueno Tania hvuiehvguehvuhevgouhvoshnegouhnse exámen wuhgvwushiygviswgihvos corazón eouhtgvouenhgvouenhgueoh nervios.





- Qué?



- Uhounvoeuhgvoushneoughve exámen ojfouwhroguhnvowngro corazón jvuowhguohWOVUH nervios.



El señor simplemente no sabía hablar portugués. Pero alomejor podría ser por yo estar lejos y no escucharle bien.



- Doctor... yo no estoy entendiendo anda. No sé si es por usted estar muy lejos, o porque simplemente no sabe hablar portugués.



El medico decide levantarse y acercarse a mi. Yo me quedo sentada. Mirando hacía arriba. Tendría como 2 metros el señor.



- A ver.. te esteba diciendo que IJFowuhvouWHOVUwhgvuohwo corazón ijvowshvouhwohvwouvhowu nervios ohwGUOWhguvoWHVouwhguWOH gorda.



- Ay Dios... que dice el payo este?



Mi madre no me contesta. Miro hacía tras y la veo deslizando por la pared con un ataque de risa silenciosa.





- Mamá?.... Mamá!! Por Dios....mamá no...



Mi madre, aún riéndose en silencio con su cara lavada en lagrimas, me dice por gestos que se va del consultorio.



- Mamá! NOOOOO!!! No me dejes aquí!!! Mamá?..... madre?......una vaca te mate! No te vallas!!!



Y mi madre sale del consultorio.



El medico sigue....



- Uhuwhguwhvghwrughwouh corazón oiahfouWHVUWNVOWUHGOWU nervios fwuhfuwhguowhvguehguoh gorda.



A ver... que le pasa al corazón?



- Wuhgvuoshgvouhngouawhgoh.



- Ay Dios... qué?



- Aejgvoendgoaeohgoanhaoh.



- Que cosas mas raras me pasan...






- Auhguhfevikuehngihnei nervios.




- Ah es nervios? Vale, eso yo ya lo sé. Pero que me pasó?




- Aenvgueahguoehnogheohtbej.



No le dije nada. Se hizo un silencio. Creo que me rendí ante la impotencia. El me mira, yo le miro a el. No sabía que decirle, estaba flipada con todo eso. Segundos después el decide romper el silencio.




- Uhfgueahgvuoehfguoheuvoghe corazón uahgeuhgouegouehagouh entupida aejgoahegoahgoahego gorda.




- Me está llamando gorda?



- jejejejeje noooo uhuhsfughvs<whghw.



- Es usted muy guasón no?



- Eh?


- Que es lo que está gorda?





- Jvauehngouaehovueat vena aeghaouhegvuohnguoge corazón WHFWHNuhfvunheunhaeg entupida.



En ese momento mi madre resuelve entrar en el consultorio otra vez. Y me pregunta que tal. Yo le digo que no sé. Que no me había enterado de nada aún.



- A ver... si yo no soy la gorda.... es la vena que esta gorda...es eso doctor?




- Ahuwiuwhguiwhyghwkvjnskiu nervios uahgueahnguehangoue entupida.



- Pero que hace usted aquí si no sabe hablar portugués?!




Mi madre se cabrea y decide intervenir. Quien conoce a mi madre, sabe que ella es española. Apesar de ella estar desde los 14 años con mi padre, y de vivir en Portugal hace tantos años, mi madre no logra hablar portugués correcto. Habla español. 


Y cuando intenta hablar portugués habla algo raro. No es español, no es portugués, no es gallego, es algo raro.



Es una mezcla de todo eso, y encima con un acento gitano. Imagínense mi cara viendo una conversación entre mi madre y ese medico. 








- Vamos la veré señore dotore! Yo tengo que saberi o qui si pasa com a minha fija! Mãeeee... viémos para aqui para nada?! Buçé me tiene que explicaré lo que se pasa!



El medico intenta respirar hondo, y hablar despacito.





- Gorda euahguehngbednhgouahneboe vena ijgoijdpbiajeohubeavneoutj entupida!!!!




- Mire... créeme..usted me esta provocando taquicardias. Me voy peor de cuando vine. Por su culpa.



- Tania... vena.... PUFFF! PUFFFF Entupida! (hace gestos con las maños señalando una explosión) entiendes?!!!



- Vale.. a ver..despacito....vena entupida vale... y ahora que?



- Gorda.



- Ay.. pero que es lo que esta gorda?



- Vena.




- Vale... pues eso me parece grave no?


- Si. Pastilla uaheguhaeughneuhg SOS solamente SOS ahgviaehvkeahvgh solo poder tragar en 12 horas aehgouahevoe Tania tragar esto el jueves.



- Pero... si hoy es lunes....y esto es en 12horas.....porque me manda tomármelo el jueves?



- Medico de cabecera.



- Que le pasa al medico de cabecera?



- Vena.









- Pero usted con esos ojos de unas piscinas! Que C... está haciendo aquí?!



- Vena! Vena! PUFF ENTUPIDA! SOS 12H



- Mire.. me voy.



- Receta de SOS vena.



- No quiero receta ninguna.



Cuando salgo del hospital mi  padre espera en la calle impaciente, y me pregunta que tal y que me pasaba. Que podría contestarle?



- No sé.



Lo que me valió, fue mi madre acompañarme. Porque si yo cuento esto a alguien nadie se lo cree.



O sea, yo puedo estar aqui muriéndome y no lo se.



Tania.